NOITE DE 26 PARA 27 DE MAIO DE 1997
Praia, águas, coisas que não recordo. A certa altura estou num cais, ou num paredão. Há muita gente ali. Homens-rãs com projectores, polícia marítima. Parece a filmagem de um episódio para o cinema ou para a televisão. Penso que procuram um cadáver. Alguém morreu ou desapareceu. Ouve-se dizer:«Deve estar próximo, porque cheira.»As águas não são límpidas. Acho que é por ser de noite. Tento atravessá-las com os meus olhos, mas só vejo sombras. Comigo está uma menina. Tem dez anos.
Alguém, agarra um peixe e parece um tubarão. É um tubarão pequeno. Sacode-se e agita-se nas mãos que o trazem da água para a terra, e é então que a menina o colhe daquelas mãos que o tiraram da água para as suas, como se fosse um fruto que se apanha. O tubarão aquieta-se.
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