Noite de 17 para 18 de Abril de 1999
Quero ir a uma casa de banho. Na rua há uma placa, no primeiro andar, de um restaurante. Tem um letreiro a dizer: “aqui há tubarão”. Digo ao Otto: “vou ao restaurante para ir à casa de banho.” Subo as escadas Lá em cima os empregados estão a acabar de arrumar as salas. Não há ainda nenhuns clientes. Peço a um dos empregados que me mostre a lista ou que me dê uma cópia para eu “levar ao meu marido”. Eles mostram-me uma ementa encadernada, mas eu insisto que é para levar, basta-me uma cópia. Na verdade é uma desculpa, para não entrar directamente para a casa de banho.
Dois empregados precipitam-se ao mesmo tempo para uma mesa e copiam os dois, num caderno, a ementa. Eu digo:
“Não é preciso a ementa toda, basta alguns dos pratos principais”.
Avanço para a casa de banho, entro e percebo que as portas são apenas cortinados, e que há homens lá dentro a acabar as arrumações. Fico frustrada e saio. Vejo outra porta. É outra casa de banho. Lá dentro, sentado a uma mesa baixa e virado para a entrada, está um homem com um ar cansado, aborrecido. É um homem de 60 aos. Ele cobra a entrada para a casa de banho. Eu penso:
“Que tolice. Perdi tempo, quando afinal aqui, por uma moeda, nem precisava de fazer conversa.”
Dou uma moeda ao homem, que me dá a minha ficha, entro por uma porta e percebo que, afinal, acabei por sair e estou na rua.
Digo ao Otto:
“Que maçada. Nem trouxe a ementa, nem fiz chichi.”
E depois estamos numa ponte, e sobre a ponte há muita gente, em grupos. Há um grupo de raparigas novas que eu não conhecia, mas com quem estabelecemos logo uma certa cumplicidade. No meio de nós há uma fogueira. O Otto brinca com todas elas, e mete-se especialmente com uma, que nem sequer é a mais bonita, mas que lhe dá imenso troco. Ele diz:
“Vamos até ali atrás das muralhas”
E ela diz:
“Já.”
Saem os dois abraços, e eu e as outras raparigas continuamos a conversar e a rir. Uma delas pergunta:
“Não te fazer impressão ele sair, à tua frente, com outra? Essas coisas não te afectam?”
E respondo:
“Oh, não! Tenho absoluta confiança nele. Foram só dar uma volta.”
Eu estou tranquila, e quando eles chegam pergunto:
“Então? O que foram fazer?”
E ele responde:
“Foi só sexo.”
Fico tão espantada que julgo que ele está a brincar. Insisto e ele volta a dar a mesma resposta. Eu digo:
“Assim temos que acabar imediatamente esta história. É impensável uma relação nestes termos.”
Estou atordoada. Ele olha-me, incrédulo:
“Não percebes? Foi só sexo. É uma estupidez acabar uma relação por causa de uma coisa dessas.”
Imagem: dezeen [http://www.dezeen.com/2008/11/27/inamo-restaurant-by-blacksheep/]
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