Algures em Maio de 98
Corro descalça em cima de um chão de areia. Corro por faixas de areia, estriadas. Digo:
- A areia é mais quente do que pensava. Queima.
Corro para dentro do edifício. Sento-me. Olho para o meu pé esquerdo. Ele está a escorrer água, muito límpida. Essa água é suor, e evapora-se imediatamente. Eu digo:
- Os pés não costumam suar.
Diário dos meus sonhos. My colourful dream diary. Le journal de ma vie ensommeillée.
domingo, 27 de dezembro de 2009
Tenho uma grande surpresa para ti
NOITE DE 28 PARA 29 DE ABRIL DE 1998
Estou com várias pessoas e com o Luis, e o Luis está muito irritado. Saimos dum restaurante. Ele vai à frente. Está a conversar com uma amiga minha e diz que todos os meus amigos são muito preguiçosos. Emenda:
- Todos menos tu, é evidente.
Avançam tão depressa que me custa acompanhá-los. Volto atrás para ir buscar qualquer coisa que me esqueci, e quando saio já não encontro ninguém. Começo à procura do carro, mas também não me lembro onde é que ficou estacionado. Penso: «incrível, foram-se embora e não esperaram por mim».
Depois pergunto à Alexandra:
«Porque é que o Luis estava tão zangado?» E ela responde:
«Ele estava só a refilar por causa de um café».
E eu sei que ela está a esconder alguma coisa das coisas que ele disse. E sei que ele está muito aborrecido com uma amiga dele. Tem 30 anos e é morena.
[...]
E depois estou deitada, num quarto de hotel, com o Zé T. Ele diz:
«Tenho uma grande surpresa para ti.»
Eu tenho muita vontade de ver a surpresa, mas ele diz que só quando for a altura certa é que ma dá. E a certa altura, no momento da maior intimidade, eu pergunto-lhe:
«O que queres que te dê?»
E ele responde:
«Sangue».
E pega numa chávena que está ao lado dele, na mesa-de-cabeceira, e despeja-me sangue, ainda morno, na cara e no colo. Era a surpresa.
Fico horrorizada. Ele continua a abraçar-me, e só ao fim de uns segundos sente o meu horror.
Diz:
«Não sabia que ias ficar assim. Vou arranjar-te outra surpresa.»
Eu estou transida. Choro. Tremo. E corro para a casa de banho e deixo a água, morna, correr abundante sobre mim.
Julgo que aquilo fazia parte de um ritual. Pelo menos penso nisso, numa tentativa de entender aquele gesto.
Estou com várias pessoas e com o Luis, e o Luis está muito irritado. Saimos dum restaurante. Ele vai à frente. Está a conversar com uma amiga minha e diz que todos os meus amigos são muito preguiçosos. Emenda:
- Todos menos tu, é evidente.
Avançam tão depressa que me custa acompanhá-los. Volto atrás para ir buscar qualquer coisa que me esqueci, e quando saio já não encontro ninguém. Começo à procura do carro, mas também não me lembro onde é que ficou estacionado. Penso: «incrível, foram-se embora e não esperaram por mim».
Depois pergunto à Alexandra:
«Porque é que o Luis estava tão zangado?» E ela responde:
«Ele estava só a refilar por causa de um café».
E eu sei que ela está a esconder alguma coisa das coisas que ele disse. E sei que ele está muito aborrecido com uma amiga dele. Tem 30 anos e é morena.
[...]
E depois estou deitada, num quarto de hotel, com o Zé T. Ele diz:
«Tenho uma grande surpresa para ti.»
Eu tenho muita vontade de ver a surpresa, mas ele diz que só quando for a altura certa é que ma dá. E a certa altura, no momento da maior intimidade, eu pergunto-lhe:
«O que queres que te dê?»
E ele responde:
«Sangue».
E pega numa chávena que está ao lado dele, na mesa-de-cabeceira, e despeja-me sangue, ainda morno, na cara e no colo. Era a surpresa.
Fico horrorizada. Ele continua a abraçar-me, e só ao fim de uns segundos sente o meu horror.
Diz:
«Não sabia que ias ficar assim. Vou arranjar-te outra surpresa.»
Eu estou transida. Choro. Tremo. E corro para a casa de banho e deixo a água, morna, correr abundante sobre mim.
Julgo que aquilo fazia parte de um ritual. Pelo menos penso nisso, numa tentativa de entender aquele gesto.
E tanta gente à minha volta
NOITE DE 24 PARA 25 DE ABRIL DE 1998
Choro, choro e choro. Sinto um peso muito grande.[...].
Choro muito porque estou tão só. E há muita gente, muita gente, à minha volta
Choro, choro e choro. Sinto um peso muito grande.[...].
Choro muito porque estou tão só. E há muita gente, muita gente, à minha volta
Animais em África, um corvo belo no Porto
NOITE DE 23 PARA 24 DE ABRIL
Muitos animais selvagens. São domesticados. Vivem numa fazenda, em África. Vejo passar um burro, e, ao longe, em linha recta em relacção ao meu olhar, um leopardo e um chacal. São dois felinos. Há mais animais. Esses animais passeiam. E há pessoas. Essas pessoas têm jipes. Mudaram-se para ali, e agora não querem viver em mais lado nenhum. Habituaram-se aos animais e habituaram os animais à sua companhia e á companhia uns dos outros. Alimentam-nos muito bem e a horas, para não entrarem em conflito. Percebo que preciso de ficar ali mais algum tempo. Aviso para casa? Ou para trabalho? Que vou estar alguns dias naquele local.
Mas então recordo-me que não trouxe pensos, e agora estou com o período. E não trouxe roupa interior para mudar. Sinto-me confortada por haver mulheres ali. A dona da casa leva-me ao seu quarto e procura aquilo que eu preciso. E pergunta-me se tenho alguma problema com roupa interior fabricada na União Soviética. Diz:
«Não é muito bonita mas é resistente».
E depois preciso de levar um animal ao Vale de Morte.
Mas não é um animal: no meu colo levo uma criança. E eu estou a amamentar essa criança. O vale é uma espécie de vala, uma lixeira sem lixo. Uma cova desolada e irregular. Ando, por ali sem destino e vejo descer ao meu encontro, a Morte. É uma mulher, tem o rosto coberto, e o vestido cai-lhe em pregas largas até aos pés. A mulher aproxima-se de mim. Não sinto medo. Não sinto nada. A não ser uma recusa cada vez maior em dar-lhe a criança que levo no colo. Dizem-me que é assim que devo fazer. E que não devo olhar para traz, porque é a lei da vida. Agora a Morte está muito próxima de mim, nas minhas costas, e eu sinto que toda a energia que habitava o corpo que trago no colo o abandonou. Percebo que é assim que se morre. No entanto não aceito: estava a amamentar a criança com o peito direito agora mudo-a para o esquerdo. E ela mexe-se. Já não quer mais leite, porque está satisfeita. Respira de satisfação, e está, de novo, viva nos meus braços.
Atrás de mim, a Morte recua.
E depois passo junto à Câmara e, no passeio, está um corvo. É um corvo muito negro. Levanta voo, e eu vejo a sua plumagem azul, porque é um corvo negro azulado. Digo para a pessoa que vai ao meu lado:
- Não sabia que no Porto havia corvos tão bonitos. Afinal é uma ave da heráldica de Lisboa.
Fico contente por ter visto um corvo tão belo.
Créditos imagem:
http://10000birds.com/fish-crow-at-jamaica-bay.htm
sábado, 19 de dezembro de 2009
Le Temps du Rêve
Retirado da página de Oniros:
Partagée à l’échelle planétaire, l’ère nouvelle qui nous attend pourra-t-elle voir le jour sans s’imprégner de cette culture ancestrale axée sur le Rêve ?
Faisant écho au «Jusqu’au bout du monde» du cinéaste Wim Wenders, le projet «Alcheringa 2000 : Rêvons notre avenir !» semble venir justifier cet apodictique retour aux sources.
Mais qu’en sera-t-il concrètement ?
Si le Temps du Rêve paraît encore si lointain et si inaccessible, c’est sans doute parce que depuis saint Jérôme la culture occidentale, boréale, judéo-chrétienne, linéaire et matérialiste s’est coupée de ses rêves.
Mais en renouant les fils unissant les deux faces de notre existence (diurne et nocturne), il est possible de retourner ensemble dans ce Temps du Rêve et y découvrir sa Loi qui marque le commencement
Para aceder ao projecto do Sonho Planetário:http://oniros.fr/accueil.html
La peinture aborigène représente une quête de 40 000 ans qui, à l’inverse de la nôtre, s’inscrit dans le Temps du Rêve.
Partagée à l’échelle planétaire, l’ère nouvelle qui nous attend pourra-t-elle voir le jour sans s’imprégner de cette culture ancestrale axée sur le Rêve ?
Faisant écho au «Jusqu’au bout du monde» du cinéaste Wim Wenders, le projet «Alcheringa 2000 : Rêvons notre avenir !» semble venir justifier cet apodictique retour aux sources.
Mais qu’en sera-t-il concrètement ?
Si le Temps du Rêve paraît encore si lointain et si inaccessible, c’est sans doute parce que depuis saint Jérôme la culture occidentale, boréale, judéo-chrétienne, linéaire et matérialiste s’est coupée de ses rêves.
Mais en renouant les fils unissant les deux faces de notre existence (diurne et nocturne), il est possible de retourner ensemble dans ce Temps du Rêve et y découvrir sa Loi qui marque le commencement
Para aceder ao projecto do Sonho Planetário:http://oniros.fr/accueil.html
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
Regresso aos Tempos do Sonho
A ideia de sonhar à escala do mundo foi retormada pela associação francesa Oniros, no decorrer do solstícios de Inverno de 1990. O tema lançado foi «Sonhar pela Terra», nele tendo participado cerca de 300 sonhadores espalhados pelo mundo. Posteriormente, outros sonhos planetários realizaram-se a partir de 1996, com temas ligados sempre a este sonho fundador.
A noite escolhida para o sonho planetário é a do solsticio de Inverno, a noite mais longa do ano. Ou seja, a de 21 e 22 de Dezembro. As noites precedentes e seguintes são igualmente contadas a fim de se reunir o maior número de sonhos.
Este ano, o tema da incubação é o
Regresso aos Tempos dos Sonho e
Pesadelo Climático.
Toda a gente pode participar. Basta dormir...
Para saber mais e juntares-te à rede onírica: http://www.oniros.fr/reves09.html
A noite escolhida para o sonho planetário é a do solsticio de Inverno, a noite mais longa do ano. Ou seja, a de 21 e 22 de Dezembro. As noites precedentes e seguintes são igualmente contadas a fim de se reunir o maior número de sonhos.
Este ano, o tema da incubação é o
Regresso aos Tempos dos Sonho e
Pesadelo Climático.
Toda a gente pode participar. Basta dormir...
Para saber mais e juntares-te à rede onírica: http://www.oniros.fr/reves09.html
Let's dream togheter
A ideia foi lançada, nos Estados Unidos, pelo americano William Stimson, editor do boletim Dream Network. Em 18 de Dezembro de 1982 os sonhadores da «rede onírica» contactaram-se telefonicamente para partilhar os seus sonhos, pelo mundo inteiro. Nove grupo de estudos do sonho, de Paris a São Francisco, incluindo o grupo Seth, em Austin, partilharam essa dinâmica e extraordinária experiência colectiva sob a direcção de Bill Stimson. Criando desta forma, o primeiro sonho planetário:
Citando de: Rêve planétaire em http://fr.wikipedia.org/wiki/R%C3%AAve_plan%C3%A9taire"Avec nos rêves, nous possédons une arme qui peut renverser l’ordre établi en nous amenant à faire volte-face. Les plus grandes batailles de l’histoire se sont déroulées dans l’esprit de quelques hommes et femmes courageux. Tout le reste n’a été que vacarme et la répercussion extérieure de ces grands événements.
Explorer le rêve, au sens le plus profond, c’est être à l’avant-garde de la révolution qui touche à la conscience humaine."
o William R. Stimson
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
Fora do avião, a cair do céu, vêm duas meninas
NOITE DE 21 PARA 22 DE ABRIL DE 1998
Estou num avião muito grande e muito pesado. Espreito pela janela e vejo um céu escuro, um céu escuro da cor de chumbo. É um céu de tempestade. Sinto uma opressão indizível. A mãe da Alexandra espreita pela janela. Diz:
- Quando o céu está assim, pode ficar semanas.
A sensação de angústia cresce. Penso: «não vou conseguir aguentar esta escuridão». Mas está a acontecer alguma coisa no céu. A mãe da Alexandra continua a falar, mas eu peço que todos se calem para me concentrar. Há um vento, fora do avião, que está a varrer as nuvens. A princípio mal se nota. Depois é visível para toda a gente que o céu fica azul, azul brilhante e sem nuvens.
Fora do avião, a cair do céu, vêm duas meninas. Têm seis anos e são gémeas. A roupa delas vem a seguir. Uma das meninas estende os braços para cima e diz à roupa:
- Se não te despachares entro sem ti.
As saias, iguais, caiem sobre as meninas como corolas de flor. Os chapéus poisam-lhes na cabeça. São chapéus de palha. A porta do avião está aberta para elas entrarem, e as pessoas seguram a porta com força por causa do vento. As meninas riem.
Então, quando o avião vai aterrar há um vagabundo que me diz:
- Como viajo sem bilhete, tenho que ficar no chão quando o avião poisa. Podias fazer-me companhia.
Eu fico com ele porque tenho pena. Agora estamos os dois na pista negra de alcatrão enquanto a sombra enorme do avião paira sobre nós. O vagabundo diz:
- Não há perigo. O único perigo são os gases da combustão. Mas só por uma vez não faz mal. Eu já estou acostumado.
Há mais pessoas na pista. São as pessoas que viajam desta forma. Nem todas são pobres ou vagabundos. Nem todas. Perto vejo o Z.M., mas não vem para o nosso lado. Agora o avião já poisou, e as pessoas dirigem-se todas para a alfândega. Eu já tenho o passaporte e o bilhete na mão. Levo-os bem estendidos. Enquanto não chega a minha vez, e debaixo das asas do avião, vejo duas raparigas dançar ao som de uma música muito moderna. Sorrio, porque gosto de as ver dançar.
Estou num avião muito grande e muito pesado. Espreito pela janela e vejo um céu escuro, um céu escuro da cor de chumbo. É um céu de tempestade. Sinto uma opressão indizível. A mãe da Alexandra espreita pela janela. Diz:
- Quando o céu está assim, pode ficar semanas.
A sensação de angústia cresce. Penso: «não vou conseguir aguentar esta escuridão». Mas está a acontecer alguma coisa no céu. A mãe da Alexandra continua a falar, mas eu peço que todos se calem para me concentrar. Há um vento, fora do avião, que está a varrer as nuvens. A princípio mal se nota. Depois é visível para toda a gente que o céu fica azul, azul brilhante e sem nuvens.
Fora do avião, a cair do céu, vêm duas meninas. Têm seis anos e são gémeas. A roupa delas vem a seguir. Uma das meninas estende os braços para cima e diz à roupa:
- Se não te despachares entro sem ti.
As saias, iguais, caiem sobre as meninas como corolas de flor. Os chapéus poisam-lhes na cabeça. São chapéus de palha. A porta do avião está aberta para elas entrarem, e as pessoas seguram a porta com força por causa do vento. As meninas riem.
Então, quando o avião vai aterrar há um vagabundo que me diz:
- Como viajo sem bilhete, tenho que ficar no chão quando o avião poisa. Podias fazer-me companhia.
Eu fico com ele porque tenho pena. Agora estamos os dois na pista negra de alcatrão enquanto a sombra enorme do avião paira sobre nós. O vagabundo diz:
- Não há perigo. O único perigo são os gases da combustão. Mas só por uma vez não faz mal. Eu já estou acostumado.
Há mais pessoas na pista. São as pessoas que viajam desta forma. Nem todas são pobres ou vagabundos. Nem todas. Perto vejo o Z.M., mas não vem para o nosso lado. Agora o avião já poisou, e as pessoas dirigem-se todas para a alfândega. Eu já tenho o passaporte e o bilhete na mão. Levo-os bem estendidos. Enquanto não chega a minha vez, e debaixo das asas do avião, vejo duas raparigas dançar ao som de uma música muito moderna. Sorrio, porque gosto de as ver dançar.
Aquelas escadas são só de subir
NOITE DE 4 PARA 5 DE ABRIL DE 1998
Ando sózinha mas encontro pessoas. Vou a uma discoteca, danço com negros. É numa cave. Quando saio, uma das vezes em que saio, vejo uma mesa grande, à minha direita, numa plataforma, e nessa mesa estão amigos meus. A Xana, o irmão dela, a Maria P. e o marido. Digo-lhes «olá e adeus», e sigo. Eles ficam espantados com a minha presença, e com a forma rápida como passo por ees.
Depois estou novamente na cave, já não me lembro quem põe a música. Um dos negros quer ficar comigo, eu não quero, mas não tenho medo dele. Beija-me e eu retribuo. Depois afasto-o, porque ele quer fazer amor mesmo ali, e eu não. Depois há uma mulher que vem ter comigo e me dá uma chave. É a chave do meu guichet. E é o numero dois. Mas eu não tenho nada para lá guardar. Depois descubro que trouxe a chave comigo. Penso: «amanhã ainda será a mesma?»
E agora está a clarear. É dia. Dançamos até de manhã. [...]. E depois desço umas escadas, porque tenho de estar presente, por motivos profissionais, numa inauguração. As escadas são do metropolitano. Vejo uma mesa cá em baixo, e de novo os meus amigos. Eles estão a comer pasteis folhados que não me parecem muito frescos. Desço as escadas para lhes falar, mas não vou ficar com eles. Nem comer o que eles estão a comer. Há um cordão encarnado a vedar o acesso. Não é grave, nem impeditivo, passo por baixo. Mas parece que o sentido não é aquele. Aquelas escadas só são de subir, não de descer. Eu não devo estar ali. Eu não devo descer mas subir aquelas escadas. Penso: «realmente não estou aqui a fazer nada».
Ando sózinha mas encontro pessoas. Vou a uma discoteca, danço com negros. É numa cave. Quando saio, uma das vezes em que saio, vejo uma mesa grande, à minha direita, numa plataforma, e nessa mesa estão amigos meus. A Xana, o irmão dela, a Maria P. e o marido. Digo-lhes «olá e adeus», e sigo. Eles ficam espantados com a minha presença, e com a forma rápida como passo por ees.
Depois estou novamente na cave, já não me lembro quem põe a música. Um dos negros quer ficar comigo, eu não quero, mas não tenho medo dele. Beija-me e eu retribuo. Depois afasto-o, porque ele quer fazer amor mesmo ali, e eu não. Depois há uma mulher que vem ter comigo e me dá uma chave. É a chave do meu guichet. E é o numero dois. Mas eu não tenho nada para lá guardar. Depois descubro que trouxe a chave comigo. Penso: «amanhã ainda será a mesma?»
E agora está a clarear. É dia. Dançamos até de manhã. [...]. E depois desço umas escadas, porque tenho de estar presente, por motivos profissionais, numa inauguração. As escadas são do metropolitano. Vejo uma mesa cá em baixo, e de novo os meus amigos. Eles estão a comer pasteis folhados que não me parecem muito frescos. Desço as escadas para lhes falar, mas não vou ficar com eles. Nem comer o que eles estão a comer. Há um cordão encarnado a vedar o acesso. Não é grave, nem impeditivo, passo por baixo. Mas parece que o sentido não é aquele. Aquelas escadas só são de subir, não de descer. Eu não devo estar ali. Eu não devo descer mas subir aquelas escadas. Penso: «realmente não estou aqui a fazer nada».
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
Há um novo engenho de guerra e um homem sozinho pode manobrá-lo
NOITE DE 1 PARA 2 DE ABRIL 1998
Há um novo engenho de guerra. Um homem sózinho pode manobrá-lo. Vejo o pesado camião subir pelas encostas de uma falésia, com o homem estrangeiro ao volante, manobrando uma espécie de radar. É um condutor e um soldado de serviços especiais. Ele aponta o radar para um veículo e dispara. O projéctil atravessa a carlinga do alvo, destruindo-o quase sem ruído. Por implosão.
Estamos perto de uma antiga fortaleza. É de dia. À minha direita vejo o mar, do alto destas falésias. Nessa fortaleza há uma festa. Eu ando por aqui, estupefacta com esta nova arma desconhecida. O radar gira em todas as direcções, e aponta um novo alvo. É uma espécie de treino: o alvo, de novo uma viatura, é destruído.
Há um outro homem que vê tudo isto. É soldado, também é estrangeiro, e agora quer dar o alarme. O condutor da máquina de guerra pressente-o. Fareja-o com o radar, mas ele consegue fugir. E agora estamos os dois, eu do lado de dentro da fortaleza, ele do lado de fora, a tentar encontrar um interlocutor a quem passar aquela informação. Eu estou à entrada da fortaleza, enquanto passam por mim homens e mulheres vestidos de festa, e empregados com bandejas com bebidas ou canapés e tapas, faço-lhe sinal para que entre:
«Aquela máquina vai atingir o meu País. Todas as pessoas que são importantes no meu País estão nesta festa. Quando ele disparar para uma destas salas destrói séculos de História, e mata tudo.»
Como estamos avisados, nós ainda podemos fugir. Mas não queremos. O homem junta-se a mim, e a máquina de guerra aproxima-se de uma das entradas da fortaleza, procurando o melhor ângulo para atingir o âmago da festa. Agora estamos junto de um torreão, e vamos subir por umas escadas estreitas para o local onde está hospedado um «Mau».
É um sítio que se vai revelando desarrumado e sujo, e quando vamos entrar no quarto pequeno do torreão um cão ladra. É um pastor alemão que o «Mau» deixou a guardar as coisas. Descemos as escadas estreitas a correr. Chego cá abaixo e o cão passa por nós. É uma cadela e leva dois sacos de pano na boca. Corre. Agora há muita gente connosco. Depois a cadela volta atrás, e já sem sacos sobe de novo para o teorreão. E agora nós percebemos o que aconteceu. Ela teve cachorrinhos. Três enormes cachorrinhos pastores alemães.
Brinco com eles. Têm patas fortes.
Há um novo engenho de guerra. Um homem sózinho pode manobrá-lo. Vejo o pesado camião subir pelas encostas de uma falésia, com o homem estrangeiro ao volante, manobrando uma espécie de radar. É um condutor e um soldado de serviços especiais. Ele aponta o radar para um veículo e dispara. O projéctil atravessa a carlinga do alvo, destruindo-o quase sem ruído. Por implosão.
Estamos perto de uma antiga fortaleza. É de dia. À minha direita vejo o mar, do alto destas falésias. Nessa fortaleza há uma festa. Eu ando por aqui, estupefacta com esta nova arma desconhecida. O radar gira em todas as direcções, e aponta um novo alvo. É uma espécie de treino: o alvo, de novo uma viatura, é destruído.
Há um outro homem que vê tudo isto. É soldado, também é estrangeiro, e agora quer dar o alarme. O condutor da máquina de guerra pressente-o. Fareja-o com o radar, mas ele consegue fugir. E agora estamos os dois, eu do lado de dentro da fortaleza, ele do lado de fora, a tentar encontrar um interlocutor a quem passar aquela informação. Eu estou à entrada da fortaleza, enquanto passam por mim homens e mulheres vestidos de festa, e empregados com bandejas com bebidas ou canapés e tapas, faço-lhe sinal para que entre:
«Aquela máquina vai atingir o meu País. Todas as pessoas que são importantes no meu País estão nesta festa. Quando ele disparar para uma destas salas destrói séculos de História, e mata tudo.»
Como estamos avisados, nós ainda podemos fugir. Mas não queremos. O homem junta-se a mim, e a máquina de guerra aproxima-se de uma das entradas da fortaleza, procurando o melhor ângulo para atingir o âmago da festa. Agora estamos junto de um torreão, e vamos subir por umas escadas estreitas para o local onde está hospedado um «Mau».
É um sítio que se vai revelando desarrumado e sujo, e quando vamos entrar no quarto pequeno do torreão um cão ladra. É um pastor alemão que o «Mau» deixou a guardar as coisas. Descemos as escadas estreitas a correr. Chego cá abaixo e o cão passa por nós. É uma cadela e leva dois sacos de pano na boca. Corre. Agora há muita gente connosco. Depois a cadela volta atrás, e já sem sacos sobe de novo para o teorreão. E agora nós percebemos o que aconteceu. Ela teve cachorrinhos. Três enormes cachorrinhos pastores alemães.
Brinco com eles. Têm patas fortes.
Vou para a tropa
NOITE DE 30 DE MARÇO PARA 1 DE ABRIL de 1998
Vou para a tropa e tenho de escolher a farda que vou usar. Levam-me a um armazém e há uma quantidade de roupa à escolha. Escolho umas calças, mas têm um gancho muito grande. Digo para a pessoa que está comigo: «levo estas mas têm de ser arranjadas».
Depois escolho muito mais roupa. É uma tropa muito especial, porque a farda não existe. Mas a roupa tem de ser escolhida ali. Há coisas que eu gosto.
Vou para a tropa e tenho de escolher a farda que vou usar. Levam-me a um armazém e há uma quantidade de roupa à escolha. Escolho umas calças, mas têm um gancho muito grande. Digo para a pessoa que está comigo: «levo estas mas têm de ser arranjadas».
Depois escolho muito mais roupa. É uma tropa muito especial, porque a farda não existe. Mas a roupa tem de ser escolhida ali. Há coisas que eu gosto.
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