quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Aquelas escadas são só de subir

NOITE DE 4 PARA 5 DE ABRIL DE 1998
Ando sózinha mas encontro pessoas. Vou a uma discoteca, danço com negros. É numa cave. Quando saio, uma das vezes em que saio, vejo uma mesa grande, à minha direita, numa plataforma, e nessa mesa estão amigos meus. A Xana, o irmão dela, a Maria P. e o marido. Digo-lhes «olá e adeus», e sigo. Eles ficam espantados com a minha presença, e com a forma rápida como passo por ees.
Depois estou novamente na cave, já não me lembro quem põe a música. Um dos negros quer ficar comigo, eu não quero, mas não tenho medo dele. Beija-me e eu retribuo. Depois afasto-o, porque ele quer fazer amor mesmo ali, e eu não. Depois há uma mulher que vem ter comigo e me dá uma chave. É a chave do meu guichet. E é o numero dois. Mas eu não tenho nada para lá guardar. Depois descubro que trouxe a chave comigo. Penso: «amanhã ainda será a mesma?»

E agora está a clarear. É dia. Dançamos até de manhã. [...]. E depois desço umas escadas, porque tenho de estar presente, por motivos profissionais, numa inauguração. As escadas são do metropolitano. Vejo uma mesa cá em baixo, e de novo os meus amigos. Eles estão a comer pasteis folhados que não me parecem muito frescos. Desço as escadas para lhes falar, mas não vou ficar com eles. Nem comer o que eles estão a comer. Há um cordão encarnado a vedar o acesso. Não é grave, nem impeditivo, passo por baixo. Mas parece que o sentido não é aquele. Aquelas escadas só são de subir, não de descer. Eu não devo estar ali. Eu não devo descer mas subir aquelas escadas.  Penso: «realmente não estou aqui a fazer nada».

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