NOITE DE 28 PARA 29 DE ABRIL DE 1998
Estou com várias pessoas e com o Luis, e o Luis está muito irritado. Saimos dum restaurante. Ele vai à frente. Está a conversar com uma amiga minha e diz que todos os meus amigos são muito preguiçosos. Emenda:
- Todos menos tu, é evidente.
Avançam tão depressa que me custa acompanhá-los. Volto atrás para ir buscar qualquer coisa que me esqueci, e quando saio já não encontro ninguém. Começo à procura do carro, mas também não me lembro onde é que ficou estacionado. Penso: «incrível, foram-se embora e não esperaram por mim».
Depois pergunto à Alexandra:
«Porque é que o Luis estava tão zangado?» E ela responde:
«Ele estava só a refilar por causa de um café».
E eu sei que ela está a esconder alguma coisa das coisas que ele disse. E sei que ele está muito aborrecido com uma amiga dele. Tem 30 anos e é morena.
[...]
E depois estou deitada, num quarto de hotel, com o Zé T. Ele diz:
«Tenho uma grande surpresa para ti.»
Eu tenho muita vontade de ver a surpresa, mas ele diz que só quando for a altura certa é que ma dá. E a certa altura, no momento da maior intimidade, eu pergunto-lhe:
«O que queres que te dê?»
E ele responde:
«Sangue».
E pega numa chávena que está ao lado dele, na mesa-de-cabeceira, e despeja-me sangue, ainda morno, na cara e no colo. Era a surpresa.
Fico horrorizada. Ele continua a abraçar-me, e só ao fim de uns segundos sente o meu horror.
Diz:
«Não sabia que ias ficar assim. Vou arranjar-te outra surpresa.»
Eu estou transida. Choro. Tremo. E corro para a casa de banho e deixo a água, morna, correr abundante sobre mim.
Julgo que aquilo fazia parte de um ritual. Pelo menos penso nisso, numa tentativa de entender aquele gesto.
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