segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Hare krishna people

Noite de 30 para 21 de Março de 1999
Estamos todos a entrar para um carro. É um volkswagen. Somos muitos. Estamos em Lisboa, no Príncipe Real. Uma das pessoas traz um bebé muito pequeno. Pergunto-lhe se o bebé tem dois meses. Ela responde:
“Tem um ano”.
Fico envergonhada porque ter dito que o filho dela é tão pequeno. Finalmente, e depois de muitas mudanças de planos, fica resolvido que vou eu a guiar.
O carro tem quatro portas.
Entro para o meu lugar, mas não é tão fácil como parecia pô-lo a trabalhar e depois em marcha. Finalmente consigo levá-lo até ao Príncipe Real. Curiosamente, o percurso que fazemos foi quase para o mesmo sítio, só que ligeiramente mais à frente. Entretanto chegamos diante do antigo palácio dos amigos nossos, e eu tento parar o carro. Mas o carro não pára. Eu simplesmente não consigo pôr o pé no travão. Não é possível. Felizmente vamos muito devagar, e então meto o carro na garagem do palácio.
É muito ampla e tem lá alguns carros guardados. Carros muito bons. Saio do wolkswagen mas tenho de lhe pôr uns calços para ele parar. Só que agora já não é um carro, assim como os outros todos, porque perdeu a sua estrutura de carro.


Actualmente, como verificamos, o palácio ainda pertence a alguns remotos amigos de amigos nossos, que pertencem, por sua vez, a uma seita oriental, tipo Hare Krishna. As pessoas usam túnicas, compridas, de cores, e os rapazes têm a cabeça rapada e pinturas no rosto. E eu digo:
“Agora já percebo de onde eles saem”  porque me recordo de pensar ao vê-los na rua a distribuir folhetos, quando estou acordada:
“Onde é que eles viverão?”
Mas estas pessoas são incrivelmente snobs. Uma rapariga passa por nós, com rolos de tecido nos braços para colocá-los sobre uma mesa, à entrada, e mal responde a uma pergunta nossa. Os tecidos são maravilhosos. E eu digo a uma amiga minha que esteve ligada a um desses cultos:
“Parece-me que com estas atitudes, estas pessoas não deixam a energia fluir e não se libertam. Assim, tudo isto é tão inútil”.
E ela responde:
“Pois é" e utiliza uma expressão em sânscrito, (no sonho eu sei que é sânscrito) e que quer dizer “o fluir de Bramhan”.
Entretanto começa a chegar muita gente que enche o átrio onde estamos. Todas as pessoas pertencem àquela irmandade, menos nós. Vai celebrar-se um casamento. Vemos sair, por uma porta interior, os noivos e o sacerdote.

Reconheço os noivos: tinham passado por nós, muito depressa, no carro deles, quando estávamos na estrada. Não são novos, mas também não são velhos. Têm 40 e tal anos e são um pouco gordos. Estão profundamente felizes os dois.
Curiosamente, a sua maquilhagem  - estão ambos pintados - é feita de cobertura de açúcar, como nos bolos. Quer dizer, eles estão pintados com os mesmo produtos que se utilizam na culinária. Uma pasta de açúcar, muito branca, com cores de bolo de anos cobre-lhes a cara. Espalha-se na boca, nas maçãs do rosto e nas pálpebras.O sacerdote que os vai casar também está assim, só que as cores dele são sobre o escuro. No nariz tem um adorno que é uma espécie de bico.
É muito estranho.

Entretanto há muitos doces, que vão ser distribuídos pelas pessoas. Percebo que o sacerdote diz qualquer coisa em voz baixa enquanto olha na nossa direcção. E eu digo à minha amiga:
“Uma vez que não pertencemos a esta seita, nem fomos convidados para o casamento, não podemos aceitar nenhum bolo, porque seria indelicado.”
E todos concordaram comigo.

Um rapaz muito alto, de túnica cor de açafrão, chega junto de nós com uma bandeja cheia de bolos, de uma cor deliciosamente amarela. A minha amiga diz que não pode aceitar. Não me recordo das palavras, mas fá-lo de uma forma muito rude, mesmo ofensiva. O rapaz fica perplexo. Eu digo-lhe:
«Quer ouvir a verdadeira razão?” 
Ele já se vai embora, ofendido, mas pára. Explico-lhe e ele sorri:
“Esse é um motivo válido, e se posso exprimir-me assim, elegante. A sua amiga põe as coisas de uma forma muito grosseira.
E agora estamos todos na cozinha da minha casa a lavar a loiça da festa. É tanta. Quando chego, no entanto, já está quase toda lavada. Penso:
“O problema seguinte é o tempo que vai demorar a arrumar toda esta loiça”.
Mas o chefe das operações diz:
“Esteja à vontade. Se quiser ser você agora a lavar, dou-lhe a vez”.
E eu digo que não. Começo a juntar mais coisas, espalhadas, e reparo que ainda há muito para lavar. Peças soltas. Mas quando volto a olhar o lava-loiça está vazio, e tudo já foi arrumado.

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