domingo, 10 de dezembro de 2006

Uma faca suja de sangue, dois monstros assassinados

25 PARA 26 DE FEVEREIRO DE 1995
Uma casa, uma espécie de cave. É o quarto onde está um homem, cujo rosto não vejo, e uma mulher, alta, e uma menina, que apenas vejo de relance, nas sombras do fundo do quarto. A menina chora. Ainda não tem quatro anos.
Para não ouvir os gritos da menina começo a subir as escadas. As escadas vão-se iluminando à medida que as subo. E penso. "Se fosse agora, descia e com uma faca assassinava os dois, pegava na menina ao colo e fugia com ela." E, como se estivesse acordada, executo mentalmente esse propósito sem o visualizar.
Depois estou coberta de sangue. Tenho uma faca na mão, e sei que matei aqueles dois, e estou numa estrada. Eu estou com a menina. Eu sei que as imagens que vejo são imagens criadas pela minha vontade . Depois estou dentro de um carro.
A estrada é deserta, rodeada de campos desolados. Dentro do automóvel há duas pessoas, além de nós. Nós vamos sentadas no banco de trás. Penso que nos ameaçam, ou que ameaçam ameaçar-nos. Puxo da faca encosto-a ao pescoço do condutor e digo: "esta faca está suja de sangue porque acabei de assassinar dois monstros. Posso voltar a fazer o mesmo." Então somos atiradas, as duas, para fora do carro. Ficamos de novo sozinhas, na estrada desolada e deserta.

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