quarta-feira, 4 de abril de 2007

Os olhos mortos das avestruzes mortas


NOITE DE 12 PARA 13 DE FEVEREIRO DE 1997
É uma casa grande, uma casa de família e de amigos, com vários andares, e muita história. E estou com dois amigos e temos de fugir, só que eu encontro uma casa de banho com janela e quando vou a saltar percebo que, vista de dentro a casa de banho está no primeiro andar, mas olhando pela janela é uma altura de quarto andar. E é muito alta.
Mas depois o perigo passa, ou o motivo que me ia levar a fugir desaparece. Encontro o Miguel e a Laura e são muito simpáticos, e ele é particularmente afectuoso. E está muito pouco vestido. Toda a gente está pouco vestida. AS pessoas estão mesmo quase nuas. Há um amigo, um rapaz muito novo, que está mesmo nu, e atira-se para cima de mim, como se fosse uma espécie de brincadeira, e eu estou a dizer-lhe que tinha ficado muito comovida com um texto que tinha lido dele, e ele estava a dizer que era mesmo assim que escrevia, com a alma e o coração. [E depois há um livro que já está pronto, e eu fico espantada com a pressa com que ele ficou assim pronto]
E depois há um burro que vem trazer alguém ou alguma coisa àquela casa. Aliás começa por ser um cavalo, mas depois é um burro. E eu quero ir apanhá-lo para lhe dar de comer, mas ele foge e quando eu o vejo já é um cão. E é um cão um bocado coxo. E o cão foge, mas não é por medo, é por pressa. E volta atrás e apanha um pedaço de comida, e é um pedaço de pão. Eu fico a vê-lo seguir pelo caminho de terra que leva a outros caminhos, só que ele anda um bocado esquisito, meio a correr, meio a coxear. E no meio do caminho há avestruzes mortos. Secas e mortas. Têm os olhos mortos muito abertos.

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