Noite de Domingo, 16 de Setembro 2001
Vou-me casar e estou a preparar-se para a cerimónia. No meu quarto, procuro o estojo de maquilhagem, o necessaire e coisas separadas que andam por ali. Batons, lápis, rimel, etc. O quarto não é bem o meu quarto. É, parece-me, um lugar de passagem. É um quarto de raparigas. Depois, o quarto está cheio. Amigas, sobretudo. Vejo a Cristina, que é a única que me apetece ter junto de mim, naquela altura. A M. L. também se junta ao grupo. Não consigo arranjar-me, no meio daquela confusão. Digo:– Quero tudo fora daqui, já.
Elas parecem ficar surpreendidas, mas saem na hora. Eu digo à Cristina:
– Tu não, preciso de ti.
Ela fica.
E a verdade é que me vou casar com o Homem Moreno. À minha volta há aquela alegria natural das festas. As pessoas parecem muito contentes. Eu sinto que aquele é o desfecho lógico, e que contribui muito para que isso acontecesse. Só que eu não conheço bem o Homem Moreno. Também não é isso que me preocupa. Preocupa-me não me recordar quem era a pessoa que fazia parte da minha vida antes dele.
E a verdade é que me vou casar com o Homem Moreno. À minha volta há aquela alegria natural das festas. As pessoas parecem muito contentes. Eu sinto que aquele é o desfecho lógico, e que contribui muito para que isso acontecesse. Só que eu não conheço bem o Homem Moreno. Também não é isso que me preocupa. Preocupa-me não me recordar quem era a pessoa que fazia parte da minha vida antes dele.
E preocupa-me, também, saber se gosto dele, e se ele será o Companheiro ideal.
Peço ajuda, não sei a quem. Quero, desesperadamente, saber com quem andava antes de me ligar ao Homem Moreno. Sinto que, se casar com o Homem Moreno, que já está à minha espera e que parece profundamente encantado comigo, posso estar a trair alguém. Penso:
«Quem é que deixei para trás? A quem vou magoar? Será que me estou a envolver, e de uma maneira muito séria, quando há outra pessoa na minha vida de que não me recordo?»
Ninguém me consegue ajudar. O Homem Moreno tem um grande amigo. Esse grande amigo gosta muito de mim, e é solidário connosco porque é o grande confidente do meu noivo. Eu sei que ele me vai apoiar. Estou com algum receio que a minha vida mude muito, mas, acima de tudo, o que me angustia é a falta de memória.
E de repente, ou mudo de sonho, ou é mesmo nesse, ou acordo, e lembro-me, como uma revelação: como posso ir-me casar com o Homem Moreno se já vivo com o Otto?
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