segunda-feira, 14 de junho de 2010

A mercearia, o jardim, o bebé

Noite de Segunda 10 de Setembro 2001

Sonho com uma mercearia. Sonho com uma rua íngreme, na parte antiga da cidade, onde me desloco, a descer com cuidado e algum à vontade. Sonho que o meu cabelo está lavado e bonito.
A mercearia fica na parte velha da cidade, num local que me é muito familiar, porque já lá  vivi. E é um lugar aonde vou de vez em quando. Agora estou a descer a rua, íngreme e estreita,  flectindo as pernas, como no Tai-Chi para não perder o equilíbrio e conseguir deslizar, confortavelmente e sem risco de cair.

Depois, a Tita está a pôr uma fralda num bebé. Não sei de qual das duas é esse bebé, embora a princípio ele seja mais dela do que meu. E a maneira dela pôr a fralda é deixando uma folga, para depois meter um gancho, para o bebé ser içado para um helicóptero que o vem buscar. E ela explica-me, várias vezes, como fazer isso. É uma fralda de pano, colocada em triângulo como antigamente se fazia, com um alfinete de segurança à frente.
E eu tenho o cabelo molhado, muito forte e muito macio, e estamos num jardim cheio de gente. É um jardim com esplanadas, com uma vereda em degraus. E eu pergunto a quem está junto de mim:
“Não é verdade que o meu cabelo está bonito?”

Depois, estou descer a vereda de mão dada com o bebé que agora é  um rapazinho, muito pequeno, mas que já fala. E nós estamos a ter um diálogo incrível, só que às vezes não consigo ouvir bem o que ele me diz porque as pessoas à nossa volta falam mais alto. Então, curvo-me e ele repete tudo, e continuamos a conversar. Eu acho estranho termos uma conversa tão rica e tão coerente, sendo ele tão pequeno. E sobretudo pelo elo de empatia que há entre nós. E acho que as pessoas não podem deixar de reparar nisso, e forçosamente ficar espantadas.

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