Noite de 12 para 15 de Setembro 2001 (publiquei antes a versão em inglês)
Estou dentro do carro com o assassino da rapariga loura. Ele estrangulou-a, com um fio de nylon. Evidentemente, vai também matar-me. Mas agora está a falar delicadamente comigo. É gentil e simpático. É um homem magro, de rosto comprido, normal. Eu estou do lado do volante e penso velozmente em todas as oportunidades. Será que consigo sair, abrindo a porta num movimento rápido? Vejo um canivete no tablier. Imagino a cena: espeto-lhe o canivete nos testículos quando ele me estiver a estrangular, e ele, com a dor, vai ter de me largar e eu fujo. Na verdade, a cena que imagino concretiza-se porque agora estou na rua, que é uma estrada – penso que tenho o mar à minha direita – e meto-me num táxi pedindo ao motorista que me leve ao Hospital. Tenho a garganta cortada e vou precisar de assistência rapidamente.
Mas mesmo no hospital não estou em segurança. O assassino e os seus amigos vão procurar-me para me matar. No quarto onde estou, meto-me debaixo da cama. Eles entram mas não se lembram de espreitar. São três. Depois, arranjo maneira de me porem numa maca, coberta com um lençol como se fosse um cadáver e levam-me pelos corredores sem chamar a atenção até me transferirem daquele hospital. Assim, os criminosos perdem-me o rasto.
Depois estou numa armazém e vejo uma lista com uma faca em cima, pregada uma pasta de papel. É para mim. Eu tiro a faca e desdobro o papel e vejo uma série de informações que não pedi. Ou melhor, não me recordo de ter pedido. São títulos de cartas que eu terei recebido ao longo de meses. Todas do mesmo homem. O homem é de Angola e a fortuna dele vem ali explicada: é multi-milionário.
Eu não me recordo de nada, e não percebo porque razão aquela lista está ali à minha espera. Releio as informações até que chego a uma cifra. É a conta: 103.311$50.
Eu não tenho dinheiro nenhum. Como me foi acontecer aquilo? Eu recordo-me vagamente de ter contratado um detective para me analisar umas cartas que andava a receber. Na verdade, só lhe perguntei quanto cobraria por essa tarefa. Ele disse-me que depois fazia um cálculo e me avisava.
Mas pelos vistos o detective não esperou pela minha aprovação.
Começo a recordar-me do homem de Angola. As suas cartas são extremamente carinhosas. E agora, no armazém, estou com a irmã do homem de Angola que anda por ali a trabalhar. Ela sabe o que se passa.
É uma mulher minúscula, metade do meu tamanho, mas cheia de força. Diz-me:
- Não estás a pensar meter outras pessoas a solucionar-te um problema que só tu arranjaste, pois não?
Respondo-lhe que não, mas que acho normal pedir ajuda.
Ela é muito dura. Ela resolve todas as suas coisas. Mas ela tem muito dinheiro e não tem problemas destes. Aliás, eu estava a pensar pedir ajuda a ela. Ou então, ao irmão. Afinal, se ele gosta de mim, why not?
Mas agora estou longe do armazém. A meio de um monte. Penso que continuo com o mar à minha direita. Há vários grupos de políticos que chegam e passam por ali. Vão todos para o alto do monte, onde há um encontro qualquer importante. Eu estou com o homem de Angola, e ele dá-me a mão. Junta os seus dedos fortes, o indicador e o médio, aos meus e é muito agradável.
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