domingo, 21 de janeiro de 2007

A abelha cura a minha ferida


NOITE DE 17 PARA 18 DE FEVEREIRO DE 1996
Vou por uma estrada fora, sentada na capota de um automóvel, e a certa altura o carro cruza uma estrada cheia de abelhas. Vejo-as pousar nas minhas pernas estendidas e fico assustada. Tento não me mexer para não ser picada. Com gestos suaves, exoto-as, e o vento da deslocação ajuda a afastá-las. A minha perna esquerda, reparo de repente, tem uma ferida. Uma bolha de pus. Uma abelha enorme voa na minha direcção e eu tremo só de pensar que me pode picar na ferida. Ela pousa exactamente ali. Espero, em agonia. Ela agita as asas, e docemente pica-me na ferida. Espantada reparo que não me doeu. Vejo o pus a sair, e a abelha drena-me a ferida, com uma atenção cirúrgica. Tem um ferrão na boca, como se fosse um êmbolo, que aspira o resto das impurezas. Com um ligeiro frémito de asas limpa-me a perna. Depois, no local onde estava a ferida injecta-me um soro, um liquido translúcido que forma uma bolha sob a pele, e que eu sinto entrar directamente nos vasos capilares para me secar, curar e desinfectar a ferida. Sinto um imenso alívio. E uma gratidão profunda.
Imagem: http://www.answers.com/topic/bees-wings-web-jpg
O PAULO SONHOU connosco: o sonho da raspadinha, o sonho do labirinto e do homem invisível e o sonho do fantasma da avó.

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