sábado, 27 de janeiro de 2007

SONHO DAS MEDUSAS

Julho de 1996. Não anotei o dia. Recordei-o ao folhear um Science et Vie dedicado aos oceanos.
Uma praia ao pôr do sol. Um mar coalhado de medusas. Lindíssimas, enormes, opalescentes. Há cada vez mais e eu estou a tomar banho e tenho medo que me toquem, porque são venenosas. É estranho ver tantas neste mar português, porque me lembro de só ver tantas assim no Índico, que é, por vezes, um mar escuro, quase barrento.
De qualquer maneira entro e saio da água sem ser atingida. Depois, com um pedaço de bambu ou de madeira agarro numa que estava quase na areia e transporto-a assim, de braço estendido, até uma cova grande onde está aninhado um organismo qualquer. É um animal muitíssimo primitivo, se calhar tão primitivo como a medusa, e atiro-a para o buraco. A criatura que lá se aninha é carnívora. Devora a medusa num ápice.
Quase sinto remorsos.

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