Julho 1996 s/dia
Há uma estação de metropolitano que vai ser inaugurada, e eu tenho alguma coisa a ver com isso, pelo menos estou lá em baixo, no meio de tuneis estreados e por estrear. Avanço por um deles, recém terminado, mas ainda em fase de acabamento nos retoques. Há muita humidade no chão e nas paredes. Algumas têm rachas. Fico preocupada, porque este túnel está construído sob o mar. Penso: terá estrutura para aguentar? Depois reparo que as rachas são mais de mau acabamento em paredes secundárias. As vigas, as traves mestras, o tecto, parecem sólidos. O chão está empoeirado, como quando as obras ainda não acabaram de vez e pisamos pedaços de areia com cimento. Avanço. Tenho algum receio. O tunel é muito grande e eu tenho medo de ter medo de estar ali. Então vejo a luz do dia coada numa cortina de luz em diagonal, e nessa luminosidade baça que atravessou vidros ainda sujos para vir bater neste ar e neste chão, dançam miríades de insectos minusculos à mistura com grãos microscópicos de poeira. Avanço, feliz, para a luz do dia, e vejo que está no que vai ser, brevemente, uma nova paragem do metropolitano. E fica ali nas ruínas do Carmo, e é uma paragem meramente turística, embora também possa servir as pessoas que trabalham.
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