quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

O mapa das estrelas

NOITE DE 12 PARA 13 DE NOVEMBRO DE 1995
Sonhei com o meu irmão Paulo, com o mapa das estrelas, com uma fuga e já não me lembro do resto. Com o Paulo encontrávamo-nos numa carruagem de comboio, parece que alguém ia a fugir de alguém. Depois havia uma discoteca e eu dizia-lhe para irmos até lá conversar. O mapa das estrelas era um livro, porque as páginas do mapa eram tantas que se tornava difícil ou impossível fazer apenas um desdobrável. De modo que víamos o céu página a página, em sequência, com as estrelas, as constelações, as nebulosas, os espaços intergaláticos e os buracos negros, e, atravessando tudo isso, as linhas a branco das rotas interestelares.
E o Luís A.R. tinha vindo de Vega, em Orion [confirmar se é assim: Vega é na Constelação Lira], e eu dizia aos meus filhos para verem, no livro que eu desfolhava, o percurso dele traçado na rota assinalada. Mas havia muito mais rotas no vastíssimo mapa tridimensional das estrelas, e cada um de nós tinha a influência dominante de uma constelação de onde tinha vindo.
E eu estava cá fora, sob o céu, de mão abertas e palmas para cima, a reproduzir, como se os recordasse, gestos de uma sacralidade esquecida, através dos quais captava as energias do Universo, de todas as constelações para onde apontava os meus dedos, incluindo aquela que me pertencia, a matriz do meu ser.
E então via, a negro translúcido sobrepondo-se ao azul escuríssimo da noite iluminada, a minha mão no céu, grande, muito grande, e eu sabia que era a minha mão, embora não estivesse ligada ao meu corpo real.
imagem: http://www.anzwers.org/free/universe/virgo.html

Sem comentários:

Enviar um comentário