sábado, 27 de janeiro de 2007

O maravilhoso jardim botânico está a morrer

NOITE DE 1 PARA 2 DE JULHO DE 1996
Estou à janela de uma casa, é a casa do Zé , só que tudo encolheu de uma maneira atroz. A terra está seca, esfolada, e ressequida, e o maravilhoso jardim botânico deu lugar àquele espaço árido, onde arbustos amarelecidos lutam contra a morte. Havia um jardim de catos, vê-se pelo chão coberto de pedrinhas negras, mas os próprios cactos estão desmaiados. A parede da casa está semi coberta por uma trepadeira de malvas ou sardinheiras. Só que ninguém parece perceber o estado a que chegou aquele jardim. O Zé fala como se tudo estivesse na mesma. E eu penso, que horror, as pessoas não se dão conta das transformações, a não ser quando se afastam? Porque ele diz que realmente está tudo um pouco mais seco, porque há problemas de água, mas é um problema já resolvido.
Penso: e agora o que vem aqui fazer, nesta desolação, um estagiário de botânica?
A paisagem em redor é também ela semi-desértica, e avança como se preparasse para engolir as poucas árvores que teimam em viver.

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