domingo, 11 de fevereiro de 2007

Cães de guarda vêm ao nosso encontro

NOITE DE 16 PARA 17 JANEIRO DE 1997
É uma daquelas terras que conhecemos em viagem. Espreito por uma janela para ver um portal recortado sob não sei que espécie de luz. Vista assim, aquela construção revela outra atrás, lindíssima, um pouco medieval. Ponho-me em cima de um banco de pedra, embutido na parede para olhar. Depois resolvemos subir por uma escadas, também de pedra, exteriores, que dão para uma cúpula ou um caramanchão de onde podemos ver muito mais. Há uma amiga comigo que conhece aquilo. As escadas são muito estreitas. Quando vamos a descer cães de guarda vêm ao nosso encontro. Rosnam. São perigosos. Penso, não posso mostrar medo, e para não mostrar medo não posso sequer senti-lo. Estendo-lhes a mão, avançando o braço porque quase não há espaço nas escadas estreitas. E eles cheiram a minha mão e vão-se acalmando. Até abanam o rabo como se me reconhecessem. E depois aparece um criado daquela casa, e depois o senhor daquela casa, e ficam espantados por nos ver naquela situação, até porque não era preciso. Bastava termos tocado à porta. E convidam-nos a entrar.
E depois, sei que estou em Espanha a caminho de Portugal, é a mesma terra de há bocado, e encontro o Joshua que vem de Portugal a caminho de Espanha. E percebo que ele fez isto para me encontrar. E que como eu nunca mais não lhe disse nada, nem sequer respondi aquele seu recado sumido no atendedor de chamadas, está a começar a ficar inquieto. Ele tenta falar comigo, mas estou completamente desinteressada, e ele não sabe o que há-de dizer ou fazer.

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