sábado, 17 de fevereiro de 2007

Ondas enormes caem sobre a casa

NOITE DE 21 PARA 22 DE JANEIRO DE 1997
Uma casa ao pé do mar. As paredes são de vidro. Vidro muito grosso. As ondas caem em cima da casa com um fragor espantoso. É um pouco assustador. Mas eu sinto que a casa é segura e aguenta. É uma casa construída para estar ao pé do mar e aguentar com as marés.
Então alguém diz «agora vem aí mais uma! Está é que é forte, cuidado!». E como por vezes as ondas quase enrolavam a casa, penso, se esta é que é forte pode ser um abraço de rebentar com as paredes ou com o tecto. Então começo a pensar por onde posso sair, mas sair, não sei porquê, não é boa ideia. Mas afinal não aconteceu nada de tão dramático, e eu venho até à porta, e encostado à porta está o homem que tinha lançado o aviso. E o homem está a rir. Diz:
“Era uma Honda. Sim, não deixa de ser uma honda, mas não era dessas que estavam à espera”.
Uns metros à frente da porta, está um rapaz parado numa mota potente. E o motor está a trabalhar. O chão ainda está húmido das ondas.
Então eu e a Susana, depois ou antes, não me lembro, estamos dentro de casa a cozinhar. Eu estou a fazer mousse de chocolate, com tantas gemas que dá vontade de comer mesmo assim, e ela está a fazer licor de medronho. Depois chega um grupo de políticos, só que são políticos-estudantes, têm todos 20 anos. E ficam parados à porta. Eu digo-lhe que não pensem vir rapar as vasilhas nem as colheres, porque eu é que vou fazer isso. E rio-me, porque é verdade e eles também se riem. E a Susana pergunta se querem provar a aguardente de medronho, e eles querem, e eu também, apesar de não gostar de aguardente. Só quero mesmo provar.
E é muito bom, apesar de não gostar. E ela diz que, este ano e por causa das chuvas, a aguardente não está tão boa porque está mais aguada.


(Depois acordo e depois volto a adormecer)
E depois estamos num jardim que dá para uma casa, e há uma janela aberta que dá para um quarto, e dentro do quarto, sentado em cima de uma cama de pernas estendidas, está o Marcelo Rebelo de Sousa a falar ao telefone. Ele está a falar muito baixo, mas estranhamente ouve-se tudo cá fora com perfeita nitidez. E ele está a dizer que há fugas de informação no seu gabinete. E por causa dessas fugas de informação é que as sondagens dão o PSD tão em baixo, porque que as campanhas são fantásticas, e os resultados seriam muito melhores se não fossem aquelas fugas de informação. Cá fora, nós estamos a ouvir e a comentar que as campanhas eram uma porcaria, e que ele está profundamente equivocado, ou iludido.
E sonho outra vez que estou grávida, mas é uma coisa espiritual e uma gravidez que não vai ser de um filho de carne e osso. E eu estou muito contente, como se finalmente aceitasse neste, todos os outros sonhos em que sonhei que estava grávida e tinha tanto medo. Agora eu percebo. Agora eu percebo tudo.
imagem: http://www.svms.santacruz.k12.ca.us/Computer_Class/comp/lexi%20w/big%20wave.jpg

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