segunda-feira, 25 de setembro de 2006

A cantora de ópera e o namorado dela


NOITE DE 25 PARA 26 DE JUNHO DE 1994

Toco à campainha, no portão de uma grande casa, escondida por muros altos, de granitos. Estou com uma conhecida cantora de ópera, e vamos ver o namorado dela. Tenho a sensação de já lá ter estado, o que se confirma, quando a porta se abre e entramos para um atelier onde se amontoam objectos de diversas proveniências, géneros e estilos.
Esse átrio é uma espécie de galeria, com canteiros no meio, e passeios bem desenhados. Ao fundo, e sob um alpendre, há mesas e cadeiras, e adivinham-se salas e quartos ocultos por cortinas em vez de portas.
O namorado da cantora entra. Também é cantor de ópera. É alto, enorme. Moreno. Sentamo-nos a uma das mesas, e entra uma rapariga que só me cumprimenta a mim e põe-me uma chávena de café à frente. Não me atrevo a dizer-lhe que não costumo beber café aquela hora, porque penso que isso seria uma desconsideração. As outras pessoas estão espantadas: ela nem ofereceu nada ao dono do atelier, nem à sua noiva.
Eu falo com as pessoas sobre a minha sensação de já ali ter estado, e o facto de se calhar isso ser verdade, o que também explica o facto da rapariga me ter cumprimentado: “se calhar ela já me conhecia”.
Aliás, tenho mesmo uma vaga ideia dela. Ela regressa e coloca-me um prato com bolinhos secos à frente. Só para mim. Entretanto chega outra pessoa. Surge debaixo de umas escadas que ligam aquele piso do atelier ao Teatro. Ali decorre um espectáculo de Ópera, nesse mesmo dia, e a pessoa está a aproveitar o intervalo para vir ter connosco.

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