NOITE DE 16 PARA 17 DE JULHO DE 1994
No meu antigo colégio. Bato à porta, estão à minha espera. Reconhecem-me, amistosamente. Está um dia ensolarado e faz calor.
Falo com uma das irmãs, mas é suposto dar a volta ao edifício para ir falar com a superiora. Há mais gente para chegar. Pergunto por uma antiga aluna e dizem-me que ela também vai voltar. É estranho, penso, porque estamos todas mais velhas e no entanto vamos voltar ao colégio, o mesmo, da nossa adolescência. Uma das freiras diz-me que a madre fica triste se eu não for falar com ela.
E depois há uma notícia na televisão que mostra um bebé que foi a gatinhar até uma auto-estrada. É um local com uma inclinação complicada, como a que se vê de um tobogan e há já muita gente mobilizada para o salvar, mas sem conseguir chegar até ele. E eu recordo-me de já ter salvo antes um bebé. E digo: porque é que os bebés têm a mania de ir para as auto-estradas? E lá vou eu pela estrada fora, a ver as pessoas a escorregarem, e há gente deitada no chão, pessoas que desistiram.
Num ecrã gigante vou vendo a reportagem sobre o assunto. O sonho muda, mas antes disso o bebé salva-se, porque nunca chegou, verdadeiramente, a ir para a auto-estrada.
Aquele bebé não chegou a sair do passeio.
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