NOITE DE 21 PARA 22 DE MAIO DE 94
Ruas tão densas de tráfego que os carros andam por cima dos passeio.
Um deles tem os vidros fumados. Desvio-me, mas penso que, na verdade, ele não tinha intenção de me atropelar. É um carro de luxo, cheio de indianos. Continua o trânsito, intenso. Preciso de chegar à Praça de Londres e penso que se apanhasse o metropolitano era muito mais rápido. Mas tenho medo de ir de metropolitano porque pode estar muito cheio a esta hora.
Passo um autocarro ao meu lado, está vazio mas não tarda, pode encher-se. Não gosto de andar em autocarros cheios.
Tento arranjar um táxi, mas só passam por mim carros particulares. Portanto vou a pé. Desvio-me para uma rua quase sem trânsito. Ando depressa, mas a rua escura, e quase sem movimento, torna-se ligeiramente assustadora. Pergunto a mim própria onde estarei. Parece uma zona próximo das Olaias, sem todas aquelas construções. Pergunto a uma pessoa onde me encontro, e a resposta enche-me de frustração. Grito, com raiva. A pessoa, um homem, tranquiliza-me: não estou tão longe assim do meu caminho.
E explica-me o que devo fazer para voltar.
No entanto, estou tão cansada que resolvo ficar por ali, numa pensão.
Já com uma mão cheia deles (sonhos) dá para perceber um tema recorrente: deambulação. procura de coisas e pessoas, como se estivesses muitas vezes em processos de fuga ou grandes movimentações... O que achas?
ResponderEliminarApanhaste a essência da coisa. Esta safra de sonhos de 1994 é de tirar o folego. Animais e fugas, viagens e guerras. Despedidas. Mudanças. Tenho de voltar atrás e ver o que estava acontecer na vida acordada... de que não tenho registos, a não ser agendas e pouco anotadas.
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