quinta-feira, 21 de setembro de 2006

Diamantes no fato de banho


NOITE DE 20 PARA 21 DE MAIO DE 94

Uma casa antiga, de dois pisos. Preparo-me para uma viagem de avião. Vou com a Paulette e os miúdos. Está na hora de partir e não tenho nada arranjado. Nada. Abro um saco, começo a tirar roupa de um armário e ponho-a lá dentro. Pergunto: “nunca sonhaste que estavas numa situação assim?”
Depois vou entrar numa piscina com uns amigos. É mais ou menos privada. É a piscina de um Hotel de cinco estrelas. Atravesso o átrio em fato-de-banho, e chego ao recinto, mas não posso mergulhar porque estou com o período. A Blá está comigo e diz que é um disparate, porque ela, nessas circunstâncias toma sempre banho, mas eu digo-lhe que não quero sujar a água.
As alças do meu fato-de-banho têm diamantes pequeninos. Colho flores de um canteiro junto da piscina e enfeito as alças. O gerente do Hotel vem ter comigo e quer saber onde colhi aquelas flores e de que forma as prendi no meu fato-de-banho. Mas depois os diamantes nas alças do fato-de-banho “humanizam” o homem. Quer saber a marca e quase que pergunta o preço. Respondo que é um modelo exclusivíssimo: só fizeram seis exemplares. E os diamantes vieram da África do Sul. Eu trouxe-os naquela viagem que fiz com Joshua.
Há uma praia ao pé da piscina. Coberta. Não há sol. A areia é húmida e não me apetece estar ali.
Estou numa bomba de gasolina e preciso de apanhar um táxi, ou um transporte qualquer. Encontro um. Mas peço-lhe que espere um bocado por mim, porque vou a um café ali perto, pois preciso de ir à casa-de-banho, enquanto ele mete gasolina.
Faço uma viagem com este homem. Não me lembro do objectivo. Sei que volto à noite.
Com um sentimento de profunda solidão.

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