domingo, 3 de setembro de 2006

Eu, o gato muito esperto e a mulher horrível


NOITE DE 12 PARA 13 DE JUNHO DE 1994
A minha casa de infância.Vai haver um jantar familiar com amigos. Um deles é o Al Berto, que não vejo há muito tempo e a quem quero impressionar.Ao entrar em casa vejo, perto da entrada para o jardim, um quiosque que vende jornais, aonde está o Fernando D. que me faz uma grande festa. Convido-o para jantar em nossa casa. Estou contente por todos verem a relação que nós temos.
Há um barco. Tenho que remar, remar, para chegar não sei onde.O mar contradiz-me, o barco é pequenino, de remos, e há barcos muito maiores. Não me lembro do que devo fazer. É um sonho cansativo, frustrante.Depois estou dentro do barco, ou de uma cidade do futuro, e há uns miúdos. Um deles vai ser teleportado. Há uma história de energias, que eu não deveria ter presenciado, mas presenciei: em cima de uma mesa de sala uma pessoa desmaterializou-se. Penso que vão fazer isso aos miúdos, e corro para os proteger daquilo. Parece-me que o cozinheiro daquela casa é meu amigo.

Depois entro numa lojinha. Na montra tem bolos cortados às fatias. Peço uma. É óptimo. Mais tarde volto ali e peço mais. Estou acompanhada e encomendo o mais tostadinho. A pessoa que está comigo anda a ver montras de jornais e de revistas e quer comprar várias. Eu também, mas mudo sempre de ideias, e chego à conclusão de que não vale a pena gastar dinheiro e ir carregada.Depois estou a tentar entrar para o recinto de uma Igreja, uma catedral. Ao pé de mim está o Francisco B.. Estão a meter-se com ele.Há um enchente de pessoas que sai. Sou empurrada de tal forma que vou no sentido oposto ao que pretendo, quase de pé, de tal forma é impossível contrariar a corrente.Assim lá vou eu, e começo a falar com as pessoas que estão ao meu lado, e a conversa é circunstancial, agradável, sem história.Voltamos pelo mesmo caminho só que já não há catedral nenhuma para tentar entrar.

Agora, eu e um gato muito esperto estamos numa casa imensa e perigosa, e é preciso tentar passar, sem sermos vistos, de uma ala para a outra. Mas há uma mulher horrível que nos quer fazer mal, e é preciso escondermo-nos, embora as possibilidades de o fazermos sejam muito reduzidas, porque ela vai-nos encurralando, até uma sala, de onde não há, aparentemente, saída possível.A casa é antiga, um aproveitamento e alargamento renascentista de uma primitiva construção medieval. As paredes são grossíssimas e muito altas, as janelas quase junto ao tecto, filtram uma luz doce que risca o chão de forma geométrica. Olho a toda a volta, à procura de saída. Então é como se a visão se duplicasse, como numa filme: eu estou a ver como tudo se vai passar, de fora. E estou a agir. A eu que está de fora não toma conhecimento senão a partir de como a eu que está a viver a situação se safa. E então é assim: trepando a uma chaminé, que interiormente tem escadas, a lareira torna-se o esconderijo perfeito. Até porque o fogão está levemente ligado. E a mulher que entra na sala, de nariz no ar a farejar não nos descobre. O gato camuflou-se contra uma coluna de uma balaustrada e ela não o vê.

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