NOITE DE 30 DE MAIO PARA 1 DE JUNHO DE 1997
Tenho de ir roubar uma ampola de um medicamento secreto e infalível para a cura de uma doença ainda sem cura conhecida. Ninguém pode saber dos meus planos. Vou num transporte público, aberto, parece um eléctrico. O eléctrico parece um eléctrico antigo, dos tempos da implantação da Republica. Chego ao local onde se encontra guardada a ampola. Era um palácio, agora é uma repartição pública, um organismo do Estado. Encontro lá dentro a M. Velha. Também encontro negros, são antigos escravos. Lá dentro estão três políticos, um deles é o M. R. O papel deles é impedir que o segredo seja divulgado. São traficantes de segredos. Percebo que tenho de os atacar e neutralizar.
Agora tenho a ampola comigo, mas eles vão tentar impedir-me de a utilizar.
Agrido-os. Tenho um ferro na mão. Não quero matá-los, quero desmaiá-los. A primeira pancada que dou na cabeça de um deles não faz o efeito que estamos habituados a ver nos filmes, porque ele continua de pé, a avançar para mim. Curiosamente não me quer agredir. Só quer impedir-me de ter a ampola. Peço ajuda a um dos antigos escravos. O facto é que, a partir de certa altura, os três políticos estão no chão de uma espécie de salão nobre, meio desmantelado.
Injecto-me o conteúdo da ampola, em pequenas picadas subcutâneas, a mim e a dez negros que estão atacados pelo mal.
Depois digo que vou investir o dinheiro que puder no tratamento dos negros, e sei que vou gastar dez contos nisso, e a Maria Leonor diz «que disparate gastar dinheiro com umas pessoas que estão doentes e nem sequer é garantido que se salvem. Nem devias ter gasto a ampola com eles.»Não lhe presto atenção.
Depois desço as escadas porque preciso de me pôr a andar rapidamente sem ser descoberta. Quando chego cá abaixo peço ao negro que anda por ali que limpe todos os vestígios da minha passagem, sobretudo as impressões digitais. Ele promete que o vai fazer.
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