sábado, 26 de janeiro de 2008

Uma mesa posta para jantar

NOITE DE 25 PARA 26 DE SETEMBRO DE 1997
[…] O dia cai. Estou sozinha e tenho que atravessar a rua. Estou numa cidade conhecida. Estou em Lisboa. Numa zona próxima da Avenida de Londres e da Avenida de Roma[…]. O passeio está mais ou menos deserto, há alguns carros na rua, e sinto um pouco de medo. E alguma estranheza, porque não sei bem como vou fazer. Depois acho normal, e penso: «se é assim, é assim.». Porque aquela é uma situação que não vale a pena questionar. […]
A verdade é que ele me leva para casa dele. E é uma casa rica, e é uma espécie de contraponto da casa da outra mulher. As mobílias são antigas e de muito bom gosto. Não o género de mobílias que eu poria numa casa minha, mas o efeito é muito agradável. Aquela casa é uma casa sólida, solidamente construída. Acho que há muitas coisas em prata. […] Há uma mesa posta. É uma mesa posta para jantar. Está muito bonita, o jantar é para várias pessoas, a sopa já está servida, e é cor-de-laranja. E há vários pratos, e pelo menos um, – penso que o aperitivo, – também já está na mesa, e eu penso: «estamos a deixar isto esfriar». Há vários criados para nos servirem. E eu até nem me importo da sopa mais fria, porque podem aquecê-la outra vez. A casa, e a cozinha, têm muitos recursos. […] E estão várias pessoas à mesa, acho que os meus filhos e uma outra mulher.

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