quinta-feira, 9 de novembro de 2006

A prisão de estudantes


NOITE DE 24 PARA 25 DE OUTUBRO DE 1994
Estou a apanhar roupa num varão. Tomo-a nos braços e nos ombros. É muita para levar de uma só vez. Depois vou fazer doce de morango. Comi tantos morangos que já não vou fazer muito doce. Depois estou no alto de um edifício antigo, num quarto mesmo no último andar. Chego à janela e há estudantes a passear na rua, e aqui é a prisão, e é uma prisão de estudantes. Da janela olho para a rua e sinto vertigens. Há uma górgona de pedra por baixo da janela. Parece-me a cabeça de um pássaro. Agarro-a e ela solta-se. Penso se a deixasse cair ela mataria alguém mas isso de nada me serviria. Ao arrancá-la ela esboroa a parede onde se encontra incrustada, e essa parede é a janela do meu quarto, e sinto tonturas ao olhar para o chão, cá tão em baixo. Penso que se a janela se fendesse eu cairia, pois estava encostada a ela. E penso que o edifício é muito antigo, mas dentro do quarto, ao fundo, onde está a minha cama e onde me encontro e encosto agora, isso não se sente, e não acontece, porque ali há solidez.

Sem comentários:

Enviar um comentário