quarta-feira, 8 de novembro de 2006

A vida amena em Gibraltar


NOITE DE 21 PARA 22 DE OUTUBRO DE 1994
Começa por ser um cão escondido cá em casa. Ouço-o ladrar. Pergunto ao Drew o que se passa. Ele tem 15 anos, e diz “não há cães cá em casa”. Está na sala com amigos. Mas à entrada da sala há barreiras de almofadas e caixas. O cão acaba por aparecer, a muito insistência minha. É pequeno, vivo, e faz chichi por todo o lado. Incomoda-me.
Depois o cão é uma criança, um bebé mulato. Boceja, abre a boca e tem um palato imenso, comprido como uma galeria. De boca fechada não se nota. Penso: “esta criança vai ter problemas de dentição e respiração com um palato assim”. Pergunto ao Drew como arranjou a criança e ele diz que a comprou. Ele diz que teve pena do bebé que a família estava a vender. Eu estou desnorteada, eu não quero ter mais bebés, os meus filhos mais novos são muito pequenos. O Drew diz:”eu trato do bebé e cuido de tudo.” Mas agora o bebé já tem três anos, é muito irrequieto, mexe em tudo, anda de um lado para o outro. Estou incomodadíssima. Digo: “não quero”. Pergunto-lhe se já imaginou os fins-de-semana, fechado em casa, a tomar conta desta criança. Ele responde que a Agnes não se importa, até gosta e vão os dois passear com o miúdo. Então a Agnes, que acaba de chegar, entra na cozinha, mas não me fala. Depois o Drew diz que vai devolver o bebé porque de facto não tem vida para continuar com ele.
Depois estamos num monte que me faz lembrar Gibraltar. É um local onde a situação é permanentemente de alerta militar, mas a vida corre amena.

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