quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Portas e caminhos secretos na cidadela

NOITE DE 13 PARA 14 DE JANEIRO DE 1998
Uma cidade. Uma torre. Portas fechadas, muralhas e ameias. Eu e a Susana. Tento lembrar-me de um caminho secreto e muito antigo que liga os aposentos da ala onde estamos, a outra construção, no sopé do monte, onde fica a cidade.
Lembro-me que parecia magia: aparecíamos como se nos materializássemos num ou noutro lado, sem que ninguém nos visse nunca entrar ou sair. Além disso, as portas terminais, em ambos os casos, eram sempre fechadas à chave por dentro.
Subitamente recordo: há um tunel. Mas é tão estreito nalguns sectores que é quase preciso ser-se criança para conseguir atravessar todo o percurso.
Uma das entradas/saídas é numa casa de banho. A outra, numa cozinha. Na casa-de-banho é quase um ralo, e fico espantada por ter conseguido passar algumas vezes por lá.
Estamos na torre. O chão da casa-de-banho é tão liso que não parece ter nenhuma entrada ou saída. Depois vamos até á cozinha, mas agora estamos noutro extremo. Cá em baixo. A cozinha é uma espécie de cave. Há uma janela é um parapeito ao nível do chão de lá de fora. E é nesse largo parapeito que fica uma das entradas secretas. Peço um banco á Susana. Explico-lhe que mais difícil do que entrar ou sair por ali foi descodificar, nos papéis antiquíssimos, o enmigma daquele percurso que estava todo em código. Como se fosse um jogo, ou uma magia. Vou-lhe passando para a mão, cá em baixo, livros de cozinha, e pacotes de farinha ou de grão, para libertar a entrada para o túnel. Depois é preciso fechar tudo para ninguém descobrir.
E agora estou cá em cima, na cidadela e ligo-lhe para o telemóvel para saber se ela não está a sentir dificuldades. Aparentemente não.
Depois saímos as duas, ao mesmo tempo, a rir. Há uns homens que são de lá, e ficam muito espantados connosco, porque não sabíam que lá estavamos. Não lhes podemos contar o segredo.

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