sábado, 14 de outubro de 2006

"La brésilienne a téléphoné une fois plus"

NOITE DE 3 PARA 4 DE AGOSTO DE 1994
(aussi en français ci-dessous)
A Elisabeth está a sair de um espectáculo que eu também fui ver. De um lado temos o passeio, cheio de gente, do outro a praia e o mar de fim de tarde, levemente enevoado. Estou com a Inês e com a minha mãe que diz que lhe falta metade do Expresso, porque o Joshua foi trocá-lo. Como já leu tudo, resolveu trocar o jornal velho por um novo, sem gastar dinheiro. Eu digo: “é mesmo dele!” Mas estou à espera que ele chegue, e, sobretudo, quero que a Elisabeth nos veja juntos. Ele está atrasado. Finalmente aparece, tão simpático. Peço-lhe o jornal, mas não lhe digo nada da troca. Estou tão contente por ele estar ali.
E depois estou a falar com a Inês. Digo: “é tão estranho, estou sempre a sonhar com o Joshua. No entanto quando o tenho, não o quero tanto. Só o quero um bocadinho. Consegues perceber?” E ela responde: “toda a gente é assim. Eu e o Xico também fazíamos pouca coisa em comum.” Depois acrescentou: “não é bem assim, lembras-te? Almoçávamos juntos, jantávamos juntos. E tu estavas muitas vezes connosco.”
Depois tenho que levar um recado a alguém. Estou sozinha numa rua movimentada e em obras. Obras por todo o lado. Estou sozinha, falta-me um dos meus filhos. Tenho uma saia justa, preta. Caminho depressa, mas é um andar que me cansa terrivelmente e, por isso, ando pouco. Atravesso a rua e passo para um passeio de terra batida. Oiço, atrás de mim, um homem muito ordinário, embora com bom aspecto. Depois chego a uma entrada tapada por tapumes de madeira. Antes podia-se entrar por um dos lados, agora já não. Tento outra forma, mas não é possível. A espécie de ponte de madeira que dava acesso ao edifício, ergueu-se e transformou-se numa rudimentar ponte levadiça, onde o homem, que afinal vinha comigo, estrebucha e grita “por favor tirem-me daqui”. Não está magoado, está pendurado numa posição pouco confortável.
Entro pela entrada antiga e peço que o ajudem a sair daquela posição. Não estou muito preocupada com ele. Depois oiço a campainha do telefone a tocar. A tocar. Não consigo chegar a tempo de atender. Alguém atendeu por mim e diz: "a brasileira voltou a ligar." Recordo-me subitamente de ter recebido vários recados de uma mulher que não se identifica, ao longo de vários sonhos. Dessa vez, parece, é a última. Pergunto:"desta vez, ao menos, deixou o nome?". Deixou: Roberta G. A.
E eu fico a sonhar que conto este sonho a mim própria muitas vezes. Estou a sonhar com sonhos, não como se os sonhasse, mas como se os recordasse.

La brésilienne a téléphoné une fois plus.
J’attends Joshua. Il est encore dans la sale de Théâtre. Elisa est aussi avec moi. Ma mère est là. Elle parle de l’hebdomadaire que Joshua a changé contre un autre, parce qu’il l’avais déjà lu. «C’es tout a fait à lui !» – je commente. On se promène sur un trottoir au bord de la Mer. Mais quand il arrive, avec son beau sourire, je suis tellement contente de le revoir que je ne dis rien d’autre. Je veux qu’Elisa nos voit ensemble. On se promène, alors. Et maintenant je suis avec Agnès. Je lui dis: «C’est tellement étrange. Je rêve tout le temps avec Joshua. Il me manque tellement. Mais quand je l’ai, je n’en lui veux plu. Seulement un petit peu.» Et elle me répond: «Tout le monde est comme ça. Moi et Xico, tu te rends conte?»
Apre ça je marche dans une rue étrange. Quelqu’un est attrapé et crie : «Aidez-moi! Sort moi d’ici ! » C’est un homme. Il est mal à l’aise, il est acroché. C’est pas grave, mais c’est pas agréable pour lui. Je demande qu’on l’aide. Après j’écoute le téléphone. Je n’arrive pas a propos. Quelqu’un a déjà répondu. Alors je me rend conte de ça: c’est pas la première fois que ça m’arrive dans mes rêves. Il y a une femme qui me téléphone depuis assez longtemps sans que j’arrive à parler avec elle. Je demande : «A-t-elle donné son nom, son numéro de téléphone, quelque chose ?» On m’a dit : «Oui. Elle est brésilienne. Elle s’appelle Roberta. Elle s’appelle Roberta Goutte d’Eau.»
Alors je me raconte ce rêve plusieurs fois. Et je rêve d’autres rêves, non pas en les rêvant mais comme si je les rends présentes
.


imagem: http://www.dreamstime.com/thumb_20/112585267653G7D0.jpg

Sem comentários:

Enviar um comentário